quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Circuito Labfoto promove eventos fotográficos em Salvador

Durante o mês de dezembro, o Laboratório de Fotografia, da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia, irá realizar o circuito Labfoto. Os eventos fotográficos contarão com duas exposições, um café fotográfico e uma projeção de imagens em praça pública.

A iniciativa responde à demandas crescentes pela circulação de conteúdos fotográficos na cidade. Como já foi mostrado, em postagens anteriores desse blog, as inovações tecnológicas no campo da fotografia propocionaram o barateamento dos dispositivos e permitiram a ampliação do acesso à prática fotográfica. Com isso, o interesse das pessoas, sejam curiosos, fotógrafos amadores ou profissionais, se intensifica constantemente, tanto na busca por conhecimentos técnicos como teóricos.



Com exceção da projeção de imagens, que aconteceu no dia 9, desse mês, todos os outros eventos que compõem a programação do circuito ainda podem ser vistos pelos interessados. A projeção de imagens representou a 12ª e última edição do ano do projeto Olhos da Rua, que foi uma grande oportunidade para diversos fotógrafos mostrarem os seus trabalhos, sem custos. Utilizando a tecnologia a favor da difusão de imagens fotográficas, os trabalhos eram expostos através de projeções, uma alternativa interessante para a produção de um evento sem os altos custos de uma exposição com ampliações de imagens.

Com a intenção de promover trocas culturais e interações profissionais sobre a fotografia contemporânea, no dia 14 de dezembro acontecerá o Café Fotográfico, que trará a fotógrafa Isabel Gouveia e e o fotógrafo e professor universitário Rodrigo Rossoni. Em formato de uma conversa agradável, o tema da fotografia e suas atualizações tecnológicas é confortavelmente discutido no Ciranda Café, a partir das 19h.

A exposição Espetáculos do Corpo, é uma mostra dos trabalhos produzidos pela equipe do Labfoto ao longo dos últimos dois anos, e ficará em cartaz no Ciranda Café (Rua Fonte do Boi - Rio Vermelho) até o 22 de dezembro. Já a exposição Boneca Sai da Caixa, que ficará exposta no Foyer do Espaço Xisto Bahia, será aberta no dia 15 de dezembro e estará em cartaz até 15 de janeiro. Esta exposição apresenta os resultados de um projeto iniciado em 2007, que consiste na montagem de um estúdio no vão livre do TCA (Teatro Castro Alves) durante a comemoração do Dia do Orgulho Gay, em Salvador, para fotografar as bonecas.

Mais informações no site do próprio Labfoto: www.labfoto.ufba.br

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Mirror-box

Com seis espelhos, uma câmera com timer e muita criatividade, Ron Brinkmann inovou com fotografias de reflexo. Em tempos de photoshop qualquer um que veja suas fotografis poderia imaginar que as fotos são montagens, mas não, é tudo uma questão de perspectiva.

O fotógrafo usou objetos comuns, como velas, brinquedinhos de crianças e até o próprio flash embutido na câmera para gerar o efeito visto nas imagens.

A ilusão de reflexos infinitos espelho frente a espelho não é uma novidade, mas é preciso admitir que o uso da caixa espelhada tem um efeito composicional muito interessante.

O fotógrafo é famoso por seus trabalhos com design digital, é o autor do livro The Art and Science of Digital Compositing e funcionário fundador da Sony Imageworkes.

Mais fotos no Flickr do fotógrafo.



Montagem da caixa:




Resultados







terça-feira, 29 de novembro de 2011

O irreversível e o inacabado de François Soulages


Entre os dias 21 e 26 de novembro, aconteceu na Universidade do Estado da Bahia o VIII Colóquio Internacional Franco-Brasileira de Estética: a Estética da Fotografia, fruto de uma parceria entre o grupo Retina (Recherches Esthétiques & Théorétiques sur lês Images Nouvelles & Anciennes) (Paris 8 – França), o Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais (Uneb) e a Escola de Belas Artes PPGAV (Ufba).
O professor François Soulages, presidente do grupo Retina, proferiu a palestra que deu início ao evento. A tradução foi feita pelo professor Alberto Olibvieri, presidente nacional do Retina e pesquisador do Centro de Pesquisa em Educação e Desenvolvimento Regional (CPEDR).
Soulages, um senhor calvo e simpático, iniciou sua fala elencando os três pilares da produção fotográfica que são essenciais para a pesquisa em fotografia: o sensível, o teórico e o estético.
A questão do sensível é a primeira que temos quando nos defrontamos a uma obra. Soulages nos explica que o homem é um ser de sensação e de significação e, assim, é receptor de sensações e formulador de significações.
Já a questão teórica é fundamentalmente necessária para a própria estética, pois libera o sujeito do subjetivismo e estabelece critérios para uma reflexão racional. É a teoria que nos leva a novas dimensões do objeto estudado.
A questão estética, por sua vez, é resultado de uma relação sensível que estabelecemos com o objeto. A antítese entre o teórico e o sensível é uma síntese da estética que é crítica, pois vai além das interpretações.
Após esclarecer estes três pontos, Soulages dividiu a conferência em três eixos principais: a estética, a estética das imagens e a estética da fotografia. A estética, para ele, tem três funções: descrição, julgamento de valor e problematização da obra. “Não é possível descrever de uma maneira neutra a obra”, afirma Soulages, “portanto, ou se tem consciência do preconceito, o que é positivo, ou se tem um discurso ideológico e subjetivo”. A estética não é dogmática nem afirmativa, mas está sempre aberta e, por isso, pode dar conta de fenômenos novos, como a arte digital. “A estética se enriquece e se transforma”, conclui.
Soulages conta que, quando se interessou por estética, a fotografia não era considerada arte e também não havia a imagem numérica (aqui, ele se refere à imagem digital). “Alguém limitado, portanto, não poderia compreender o fenômeno que se passa hoje. Desse modo, a estética não pode ser comparada à matemática”, arremata.
Sobre a estética da fotografia, Soulages afirma que a primeira pergunta que devemos nos fazer é: como fundamentar uma estética que seja rigorosa? Sobre o que iremos implementá-la? E responde: “Não pode ser sobre ela mesma, não podemos implantá-la sobre a questão do sensível, mas sim, sobre a questão teórica”.
Qual seria a técnica da fotografia, então? É aquela que aponta a especificidade da fotografia, ou seja, é a relação da fotografia com o real, e é a relação entre a foto e o real.
Sobre a relação entre a fotografia e o real, Soulages afirma que o objeto que fotografamos é um objeto em si mesmo e que um aparelho fotográfico só pode capturar um fenômeno particular, pois não é “uma quantidade de borboletas”, mas uma máquina que produz alguma coisa. Para ele, é a partir da matriz digital que a foto é falsidade.
A partir disso, Soulages trabalha com os conceitos de irreversível e de inacabado para explicar o conceito de fotogracibilidade. A fotogracibilidade é uma condição para a fabricação da foto, uma singularidade da fotografia. É uma relação entre a máquina e o produto.
Soulages alega que a fotografia é feita duas vezes. A operação da matriz é irreversível, pois o ato fotográfico também o é. No entanto, a partir dele, podem-se fabricar infinitas, pois o processo nunca está acabado.
A irreversibilidade é a perda do tempo e do ser que passou. Na fotografia, este ser nunca estará perdido e, por isso, ela nos faz imaginar. Na fotografia, estamos em uma economia do que é raro e, em outras palavras, ela nos dá algo que não é raro, mas que não existe mais.
Já sobre a relação entre o real e a foto, Soulages apresenta o conceito de “cada vez”. A fotogracibilidade se articula cada vez ou, explicando melhor, toda foto é uma foto de alguma coisa. Essa alguma coisa e o material fotográfico devem ser compreendidos sob uma perspectiva dialética, a partir das tensões e das contradições que os unem e os separam, pois formam a materialidade da fotografia. A estética do cada vez é a articulação entre o passado e o presente.
A fotogracibilidade é, portanto, a relação que surge entre o irreversível e o inacabado.
Sobre a estética da imagem, Soulages aponta que estamos em um momento-chave da história das imagens, pois, eis que surge a imagem que pode ser modificada infinitamente, em contraposição à antiga imagem fechada. Para ele, nós estamos em face de uma revolução das imagens, das artes da imagem e das artes, e a pesquisa estética deve compreender essa tríplice revolução e se apoiar tanto sobre o sensível quanto sobre o teórico.
Para finalizar a conferência, Soulages fez algumas pontuações importantes sobre a pesquisa científica. Entre elas, vale ressaltar a afirmação de que o verdadeiro interesse pesquisa deve ser as interrogações do mundo e da verdade e que, em si mesma, ela não tem sentido. Além disso, o conferencista fez uma elegante crítica aos pesquisadores, afirmando que “o espírito da moda e dos rebanhos, nada tem a ver com o da pesquisa. Nada pior do que seguir as vanguardas ou está preso ao passado. Para pensar o nosso tempo, é preciso ser do nosso tempo”.

domingo, 20 de novembro de 2011

Fotografia de Alimentos



Quem nunca foi surpreendido por uma picanha suculenta exposta em um outdoor, por um hambúrguer gigante impresso em um panfleto de lanchonete ou por um sorvete delicioso no cardápio de um restaurante? As imagens dos alimentos são importantes recursos para chamar a atenção do público, atraindo o cliente a uma determinada loja ou o influenciando a comprar determinado produto. Nas fotos, os alimentos podem vir sozinhos, em cima de um prato ou servidos em uma mesa, mas sempre aparentam impecáveis e como se tivessem acabado de sair da cozinha. Porém, quase tão comum quanto o desejo que surge ao olhar o anúncio publicitário de um prato é a frustração sentida ao se deparar com a comida na realidade. Tal fato encontra justificativa numa máxima defendida pelos especialistas nesse tipo de fotografia: as imagens não existem para mostrar a verdadeira aparência, mas para transmitir as sensações proporcionadas pelo alimento.

Para que isso aconteça, é permitida uma série de truques, que vão desde uma simples pincelada no alimento com glicerina, para dar um efeito de umidade, até a utilização de purê de batata e óleo de motor, substituindo a bola e a calda do sorvete, respectivamente. Outros recursos comuns são a utilização de maçarico, para forjar as marcas da grelha em um pedaço de carne e até graxa de sapato marrom, para dar à carne uma aparência mais suculenta. O leite, em fotos de cereais e recheios de tortas, muitas vezes é cola branca e entre a alface e o hambúrguer do sanduíche quase sempre estão pequenos pedaços de papelão, para evitar que a folha murche em contato com a carne quente.

http://www.youtube.com/watch?v=Y0MZ0DgsKzQ

Mas é lógico que a produção de fotografias de comida não se limita aos truques de substituição de elementos. Por trás das imagens incríveis, também está um cuidado minucioso com os elementos do cenário. Os elementos cenográficos não podem competir com a comida e, portanto, costumam ter cores bem diferentes do alimento fotografado. Se são usados outros objetos, como talheres e copos, estes também não podem competir com o que é principal no anúncio, mas proporcionar uma atmosfera mais próxima daquele tipo de refeição. Outro fator fundamental para esse tipo de fotografia é a iluminação. Em fotos de comida, a luz costuma ser suave para que as texturas e formas possam ser melhor visualizadas. É recomendável a utilização de luz natural ou uma iluminação artificial contínua, mas nunca recorrer ao flash ou à luz direta, pois eles quase sempre destroem as chances de registrar os detalhes dos alimentos.

Para um bom resultado, é indispensável que o alimento seja fotografado assim que tiver ficado pronto. O ideal é que a luz e o cenário já estejam montados e testados para que as fotos sejam tiradas enquanto o frango ainda estiver quente ou a salada esteja fresca, por exemplo. Se a foto não é tirada imediatamente, a aparência dos alimentos pode mudar: as folhas da salada podem murchar e podem surgir natas no leite, além de que fotografar um prato quente depois de ter esfriado deixa o alimento, naturalmente, com cara de comida fria - e, portanto, muito menos atraente.

Entre os fotógrafos especializados em fotografia de alimentos está o mexicano Luis Carlos Pérez-Gavilán e o estadunidense Edward Gowans. Existem algumas dicas para aqueles que desejam experimentar esse tipo de fotografia, como as que a empresa Kodak oferece em seu site.

Se não, o gelado e as natas vão ficar numa sopa não tarda nada, a alface vai murchar e o assado vai parecer uma pedra escura

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Fotografia Animal

O mercado Pet está em expansão no Brasil e a fotografia, como não podia deixar de ser, também vem seguindo essa tendência. Cada vez mais imagens incríveis de animais são usadas em propagandas publicitárias, em embalagens de produtos e em revistas especializadas. Na fotografia de animais selvagens, alguns profissionais afirmam que a receita ideal é a sorte – estar no lugar certo e na hora certa, entretanto, para fotografar animais domésticos, cães e gatos em sua grande maioria, diversos sites apostam em um manual com dicas do que fazer, de qual a luz ideal, qual a posição perfeita para captar a essência dos animais. Entre tantas dicas, uma sempre está presente: é preciso muita paciência.

O site "MEU OLHAR" apresenta procedimentos da fotografia, entre eles, clicar animais de estimação. Dicas como tentar fotografar o pet em um momento relaxado, fotografá-lo sempre na altura dos olhos dele, estão presentes, além de clicá-los com “DESPORTO”, se sua máquina que essa funcionalidade pode ser muito útil com animais inquietos. No modo “DESPORTO”, o obturador estará numa velocidade mais rápida para “paralisar” o objeto da foto, além de utilizar um sistema de focalização especial que ajusta constantemente o foco da câmara, evitando que a foto fique borrada ou desfocada caso o animal de mexa.



O fotógrafo americano Carly Davidson é internacionalmente conhecido por suas fotografias de animais, possui experiência tanto na área comercial como documental, além de ser treinador em um zoológico nos Estados Unidos. Ele é conhecido como “Especialista em fotografia pet” por fazer imagens incríveis muitos momentos engraçados e peculiares que são constantemente utilizadas pelo Nat Geo. Seu trabalho já foi publicado em vários e importantes veículos como:“Photo District News”, “The Village Voice”, “The Oregonian”, entre outros.






Davidson produziu a sessão de fotos “Pessoas e seus animais de Estimação” para mostrar o quanto os animais podem se parecer com seus donos. Ele possui uma série de TV com o mesmo nome.Confira aqui algumas imagens.



No Brasil, o fotógrafo especializado em fotos de animais João Carlos Duarte (Johnny Duarte), é autor de grande parte das imagens utilizadas em produtos pet, sobretudo os da marca Pedigree. Há 14 anos Johnny se dedica a clicar animais e já leva muitos prêmios nessa área, como o Leão de Bronze de Cannes, em 2005, além de ter sido premiado, em 2008, entre os seis melhores na Bienal Internacional de Roma, uma das exposições de artes plásticas e visuais mais importantes da Europa. Em 2010, Johnny Duarte foi palestrante do Estúdio Brasil, um importante congresso de fotografia de estúdio na America Latina.


Como experto no assunto, Johnny Duarte se destaca por fazer com que os animais que fotografa pareçam estar prestes a falar algo. Ele mantém o site “Professional Photography” em que divulga suas fotografias e oferece seus serviços para fotografar os donos e seus animais; além disso, ele disponibiliza para diversos sites sobre o assunto suas dicas pessoais de como fotografar animais de estimação, mas, ainda assim, para ele, o essencial é ter intimidade com o animal para que se possa saber e reconhecer de que forma o animal reagirá na hora do click.


Para conhecê-lo melhor e também ao seu trabalho, a seguir, trechos da entrevista fornecida por Johnny Duarte ao site Dog Times.



Fale sobre a formação do fotógrafo e de quais são as particularidades de fotografar animais. Existem cursos especiais?
Devido à fotografia estar presente na família (meu pai era fotógrafo), eu nunca fiz curso algum, acabei aprendendo com meu pai esta arte. Eu não conheço cursos que ensinem especificamente fotos de animais pois penso que isso não se aprende, é como querer ser um maestro e não ter ouvido para musica... Enfim, o que quero dizer é que para fotografar bem um animal, você precisa ser um pouco “bicho”, você precisa pensar como eles para conseguir sempre prever suas ações ou reações e estar com tudo preparado na hora do click. Acho que para fazer isso bem, tem que crescer convivendo com os animais, observar sempre suas reações, entender a forma deles de se comunicar, de pensar e de sentir.


Basta saber fotografar para ser um bom fotógrafo de animais?
Saber fotografar é a parte mais fácil desta história, aliás, com as máquinas digitais de hoje em dia com tudo automático, saber fotografar é um mero detalhe. O mais difícil é conhecer anatomicamente e psicologicamente os animais.


Quais seriam os requisitos fundamentais para alguém ser um fotógrafo especializado em animais?
Pensar como um animal e conhecer um pouco de fotografia. Freqüentemente vejo muitos se arriscarem a fotografar animais, a maioria tenta imitar meu estilo de foto, mas ainda não vi alguém acertar. Acho que todos cometem o mesmo erro básico: “pensam nisso como um negócio”.


Você costuma fotografar animais para várias finalidades... Quais são os mercados que mais solicitam seu trabalho?
Os animais de estimação estão cada vez mais presentes no nosso dia-a-dia, uma pesquisa do Sebrae revelou que se abrem mais Pet-Shops em São Paulo do que farmácia e padarias; ou seja, é uma mercado em franca expansão, com o custo de vida cada vez mais caro,muitos jovens casais adotam um “pet” antes de projetarem sua família. Com este crescimento progressivo de mercado, a procura por boas imagens é inevitável, por isso hoje atendo à Pedigree, Biscrock, Merial, Bayer, Premier, Sanol, entre outras. Além de ter a satisfação de fotografar sempre os melhores cães do Brasil, atendendo os mais exigentes canis e proprietários. Portanto hoje, minha gama de clientes é bastante vasta, vai desde fábrica de ração até a fotografia de um cão velhinho e doente para imortalizá-lo em um quadro na parede.

Muitos proprietários gastam filmes e filmes para fotografar seu bichinho e na maior parte das vezes o resultado não é muito bom. O que você sugere para uma boa foto de um animal? Há diferenças entre fotografar pets (cães, gatos) e grandes animais (cavalos, leões, etc)? Se sim, quais são?
Na verdade, há diferença de um animal para o outro, até entre cães da mesma raça e do mesmo sexo às vezes estas diferenças são bastante expressivas em se tratando de comportamento para fotografia, cada animal é um animal e tem uma personalidade diferente. Claro que no caso de animais de pasto ou cocheira, por exemplo, devido ao seu convívio mais restrito com o ser humano, os estímulos são diferentes... Mas a base é sempre a mesma: Observar, entender como ele pensa e reage, posicioná-lo, iluminá-lo e clicá-lo.
Uma boa dica para quem quiser tentar uma boa foto do seu pet é levá-lo a um local novo (uma praça por exemplo) em um dia nublado onde a luz é mais uniforme e há mais liberdade para escolher um bom fundo... esperar com paciência o momento certo; em uma situação nova (parque) não vai demorar a ele prender sua atenção à algum acontecimento próximo... Esta é a hora da foto.



segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Fotografia em campo luminoso: revolução em 200g?

Clique agora, ajuste o foco depois. Essa é a revolução que está em inserida em uma miniatura de câmera de 200g, em alumínio e borracha, com uma tela touchscreen de 1,46 polegadas. Apresentada no dia 20 de outubro pelo Presidente da Lytro (empresa do ramo de fotografia), Charles Chi, e pelo diretor de fotografia, Eri Cheng, essa é a câmera Lytro, ou the Lytro light field camera, que pode ser traduzido como “a câmera de campo de luz da Lytro” ou, câmera plenóptica.

11 milhões de raios de luz

O intrigante mistério da magia das câmeras plenópticas consiste em um sensor de imagem que distingue e registra a luz refletida por todos os pontos de uma cena. Utilizando o exemplo dado pelo fundador da Lytro, Ren Ng, em sua tese de doutorado, Ren Ng, em sua tese de doutorado, a técnica da câmera de campo luminoso em relação às DSLR (Digital Single Lens Reflex) que conhecemos se assemelha a diferença entre a gravação de áudio em um único canal e com dezenas de canais, que é uma técnica utilizada em estúdios. Com apenas um canal, o que se registra é a soma de todos os sons, e com vários canais é possível captar os sons dos intrumentos e das vozes separados, permitindo muitas possibilidades em uma mixagem após a gravação. No caso da câmera, diversas escolhas de área focada após a captura da imagem.

De acordo com a Lytro, sua câmera consegue captar até 11 milhões de raios de luz, e possui zoom óptico de 8x e abertura f/2 em qualquer escolha de ajuste de zoom. A abertura é um grande diferencial e atrativo, pois permite fazer fotos em ambientes com pouca luminosidade, sem a necessidade de um flash. Além disso, o manuseio da câmera se mostra bastante simples, com apenas dois botões: o que liga e o disparador. O sistema promete facilidade também para passar as fotos ao computador, escolher o foco e disponibilizá-las nas redes sociais.

http://www.youtube.com/watch?v=wRQcCVY5wIo&feature=player_embedded

Revolução?

A Lytro foi fundada em 2006 pelo pesquisador Ren Ng, que já possuía trabalhos publicados sobre as técnicas de produção de imagens plenópticas, e no final de junho desse ano a empresa anunciou o lançamento de sua primeira câmera, que seria voltada para o mercado consumidor. Com isso, a empresa prefere entrar no mercado bem estabelecido de equipamento fotográfico, ao invés de licenciar sua tecnologia para outros fabricantes, o que é uma prática mais comum.


Mais que isso, na verdade a Lytro se apresenta como uma revolução, como se iniciasse uma nova era na fotografia. Em seu site, exibe comentários relevantes nesse sentido, como o de Steve Lohr, The New York Times, que se refere a Lytro como o fim da dor de cabeça em relação a focagem, tanto para profissionais quanto para amadores. Mas será mesmo? Em grupos de discussão sobre fotografia, na internet, as pessoas se mostram curiosas e ao mesmo tempo convictas em não abandonar suas câmeras por uma “caixinha”.



Novidade? Nem tanto...

As câmeras de campo luminoso são um assunto que vêm sendo pesquisado há, pelo menos, 20 anos. A Adobe chegou a construir um protótipo dessa câmera a partir da pesquisa de Todor Georgiev, um dos desenvolvedores do Photoshop. E este, se baseou no trabalho de Gabriel Lippmann, físico francês e Prêmio Nobel da Física de 1908, por produzir a primeira chapa fotográfica a cores. Em 2010, a alemã Raytrix lançou a sua primeira câmera plenóptica, e se dispôs também a modificar as câmeras comuns, adicionando um software para modificar o sensor.

Aparentemente, a Lytro é o novo brinquedo do momento. Ainda não está disponível, mas sua pré-venda já foi iniciada no próprio site, com dois modelos: de 8GB, por $399, com capacidade para 350 fotos, e o de 16GB, por $499 e espaço para 700 imagens.



segunda-feira, 17 de outubro de 2011

As inovações do RAW

Uma entre as várias transformações advindas do desenvolvimento da fotografia digital está no processamento da foto depois do clique, mais precisamente o uso do formato RAW, metaforicamente, algo como o negativo da fotografia digital.

Com a fotografia analógica o fotografo (aqueles que preferem revelar as próprias fotos) ou laboratorista deve escolher papel, revelador (por exemplo existem os reveladores rápidos, reveladores de alto contraste e reveladores niveladores) e fixador específicos para cada filme, a partir de seu ISO, por exemplo, e claro da intenção do fotografo para poder chegar ao contraste e saturação desejadas.

Hoje as câmeras digitais DSLR podem gerar fotos em JPEG, RAW ou nos dois formatos com a foto duplicada na memória. A diferença entre os dois formatos é que o RAW, que significa cru em inglês, não sofre nenhum tipo de processamento automático ou compressão. Os dados são arquivados da mesma forma que foram capturados pelo sensor, logo, ISO, nitidez, filtro de ruído, contraste, saturação e em certa medida até a exposição podem ser controladas depois da captura, no computador, o que garante uma melhor qualidade final da fotografia e a possibilidade de tratá-la várias vezes vendo o antes e depois, podendo fazer e refazer. O nome da extensão (.nef e .cr2 por exemplo) varia de acordo com a marca do equipamento, porém todos tem o mesmo formato e são processados pelos programas de tratamento como light-room e o foto-shop da Adobe.

O lightroom é um programa direcionado para fotógrafos que permite a catalogação e tratamento de fotografias, ele dialoga diretamente com o tratamento das fotos analógicas em laboratório, até o seu nome faz referencia ao dark room (a sala escura), na sessão “revelação” são feitos tratamentos análogos aos feitos em laboratório sem grande alteração na natureza da imagem. Para que as fotos sejam tratadas com precisão é necessário que esteja em formato RAW.

Tutorial de uso do Ligth room:



O uso desse tipo de arquivo também tem suas desvantagens como, por exemplo, o tamanho do arquivo, que pode chegar a ser até 6 vezes maior que um arquivo em JPEG, ocupando o cartão de memória, demoram mais para serem arquivados na memória então o tempo entre um clique e outro é maior e todas precisam de tratamento no computador, então se o objetivo e ter fotos com menos qualidade, porém rapidamente prontas JPEG é a melhor escolha.

Podcast explicativo sobre o formato RAW:

http://www.dicasdefotografia.com.br/click_podcast/click_ep01.mp3

domingo, 9 de outubro de 2011

Fotojornalismo digital e a reconfiguração das condições de trabalho do fotógrafo



A introdução das novas tecnologias no mundo do trabalho, fomentada pela lógica capitalista de modernização e aumento de produtividade, causou mudanças na organização e nas condições de produção em diversos setores, inclusive no fotojornalismo, a partir do surgimento da fotografia digital.



Equipamento analógico usado por Pedro Martinelli na Copa do México de 1986


A fotografia digital surge no ano de 1989, com o lançamento das câmeras Rollei Digital Scanback, Fujix Digital Still Câmara, Kodak Professional DCS e softwares de armazenamento. A primeira vez que foi utilizada para o fotojornalismo foi na guerra do Golfo, em 1990, mas só foi utilizada em larga escala em 1994, durante a Copa do Mundo de Futebol nos Estados Unidos.

No Brasil, a digitalização dos processos de produção fotográficos nos veículos de comunicação aconteceu em meados da década de 90, tendo como pioneiro o jornal Folha de São Paulo, que foi o primeiro a criar um banco de imagens digitalizadas, em 1994. O marco desta mudança foi a cobertura da Copa do Mundo da França, em 1998.




O ingresso da microeletrônica nos processos produtivos é considerado por Jorge Pedro Sousa a terceira revolução do fotojornalismo, que, de modo geral, significou a substituição das câmeras analógicas pelas digitais, dos sais de prata pelos pixels e dos químicos de revelação pelo computador.



A rotina fotojornalística em tempos de fotografia digital

O advento da fotografia digital, no entanto, não trouxe apenas mudanças técnicas, mas modificou as condições e a rotina de trabalho do fotojornalista. Atualmente, há uma maior exigência de qualificação e uma intensificação do trabalho.

Como já dito, depois do surgimento da fotografia digital, os rolos de filme foram substituídos pelos cartões de memória. Também exigido que o fotógrafo domine softwares como o Adobe Lightroom e Adobe Photoshop para fazer o tratamento das imagens, catalogue as fotos corretamente, através de palavras chaves, para colocá-las no banco de dados. Com o aumento astronômico da quantidade de fotos produzidas, o armazenamento do material produzido tornou-se um problema e, por isso, esta catalogação é tão importante.

As condições de trabalho do fotojornalista não são fáceis: muitas pautas para cobrir em um dia, deadline apertado, pressão para uma foto de qualidade e relações de trabalho precarizadas. Em setembro deste ano, o site americano Careercast.com divulgou uma pesquisa com as dez profissões mais estressantes, e o fotojornalista é o quarto do ranking!

Enquanto Jorge Pedro Sousa ressalta as vantagens lucrativas para as empresas de comunicação com a introdução da fotografia digital (simplificação dos procedimentos e rentabilidade dos recursos humanos), José Afonso da Silva Junior pontua o acúmulo das funções de fotógrafo, analista e construtor de sistemas que integram as tecnologias fotográficas com as digitais e, citando Carlos Eduardo Franciscato, toca na objetivada redução de custos, na automação dos processos e sobrecarga de trabalho.

Confira abaixo algumas fotos feitas por André Rodrigues dos bastidores da cobertura fotojornalista do Final da Copa do Brasil de 2011. É a rotina do fotógrafo por um olhar dele mesmo.




Bibliografia

SOUSA, Jorge Pedro. História crítica do fotojornalismo ocidental. Chapecó: Grifos, 2000.

FELZ, Jorge Carlos. Imagens digitais e imprensa - alterações na produção fotojornalística. Intercom Nacional, 2007.

SILVA, José Afonso. Permanência e desvio no fotojornalismo em tempo de convergência digital: elementos para uma discussão preliminar. Intercom Nacional, 2008.

SILVA, Luciana Salviano Marques da; NOBRE Itamar de Morais. Análise do Ofício de Fotojornalista: Atribuições, Técnicas e Percepções. Intercom Nacional, 2011.

CARMO, Paulo Sérgio do. A ideologia do trabalho. 8 ed. São Paulo: Moderna, 1998.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

O futuro é analógico!




Em meio à ebulição de novidades tecnológicas no campo da fotografia, com a sofisticação constante de programas de manipulação de imagem e das próprias câmeras digitais, cresce um movimento que propõe andar na contra-mão de tais inovações. A febre da fotografia retrô, feita com máquina analógica e filme, é capitaneada pela Lomography, marca de câmera que tem virado objeto de estimação de fotógrafos amadores e profissionais. As fotos, que podem trazer contrastes exagerados, cores saturadas ou até mesmo uma tela preta, se as condições luminosas na hora do clique não forem favoráveis, resgatam um elemento que há muito tempo estava ausente do cotidiano do fotógrafo: a surpresa.

A proposta de revisitar o passado agradou tanto que a Lomography vendeu 500 mil produtos apenas em 2010. A empresa, criada por Mathias Fielg e Wolfgang Stranzinger, surgiu nos anos 90 após a dupla de austríacos ser seduzida por uma Lomo LC-A, câmera de plástico fabricada por uma empresa russa. Após alguns anos como representantes da marca na Áustria, os dois conseguiram o direito de fabricá-las e, desde então, são inúmeros os lançamentos da Lomography, que envolvem os mais curiosos tipos de câmeras, lentes e flashes.

Agnes Cajaíba, estudante de Comunicação e fotógrafa profissional, teve a sua atenção captada por algumas fotos com efeitos e distorções interessantes que ela encontrava. “Eu fui atrás para saber o que era isso, e descobri que eram câmeras superbaratas, com o filme muito bom, e que as distorções eram feitas porque as lentes e as máquinas eram de plástico. Como custava menos de cem reais, resolvi testar”. Agnes conta que, até aprender a tirar boas fotos, desembolsou um bom dinheiro com filmes e revelações. Isso porque fotografar com a Lomo não é tão simples, exige um grande cuidado com a luz ambiente, além de, obviamente, muita prática. Depois de algumas experimentações, a fotógrafa encontrou motivos para incorporar a novidade aos seus instrumentos de trabalho. “Descobri que existiam várias coisas que eu podia fazer, efeitos que poderiam ser acrescentados no Photoshop, mas que eram feitos na própria câmera, por exemplo. Tive espaço para testar muitas coisas”, afirma.

A Lomografia proporciona um espaço em que o fotógrafo cria se divertindo e inaugura uma nova forma de encarar a experiência fotográfica. Uma prova disso são os dez mandamentos do usuário das Lomo, ou as "10 regras de ouro". Dicas como a de levar a câmera a todos os lugares e a de fotografar sem pensar são algumas das maneiras de se aproximar desse movimento que se define, no próprio site, como uma "comunidade global de apaixonados por fotografia analógica criativa e experimental". Mas é claro que, para entrar na onda, é preciso, antes, adquirir a câmera. Os preços costumam ser acessíveis, variam normalmente entre R$ 80 e R$ 300, e os produtos podem ser comprados pela internet ou nas lojas espalhadas pelo mundo. No Brasil, a única loja da Lomo fica em Ipanema, no Rio de Janeiro, mas está temporariamente fechada.

Ao mesmo tempo em que crescem os adeptos às câmeras Lomo e à fotografia analógica, multiplicam-se os softwares e aplicativos de celular que tentam reproduzir a estética retrô. O Instagram, aplicativo para Iphone criado pelo brasileiro Mike Krieger, é um dos recursos mais utilizados atualmente. Entre os diversos filtros, existem aqueles que simulam efeitos como vazamento de luz e distorção de cor, similares aos obtidos pelas Lomo. Tais programas, no entanto, não dão conta daquilo que é considerado o mais interessante pelos adeptos da Lomotografia: o caráter inusitado. O imediatismo dos visores LCD é substituído pela ansiosa espera pelo envelope do laboratório. “Você nunca sabe como vai ficar, porque qualquer coisa pode sair dali. Eu fico esperando surpresas”, conta Agnes.








segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Câmeras PINHOLES




Sem filmes ou chips eletrônicos, muito menos botões ou filtros, as câmeras pinholes produzem imagens reais de uma forma simples, através de um conceito básico e muito antigo de gerar fotografias: a câmara escura. De fácil construção, esta câmera pode ser feita com latas de alumínio vedadas, em que um furo é feito de um lado e do outro é colocada uma folha de papel fotográfico. A luz solar entra por este pequeno orifício e, ao reagir quimicamente com componentes do papel fotográfico, a imagem é invertida e é projetada no papel. O único furo por onde entra toda a luz desempenha a mesma função da lente numa máquina convencional. Desta forma, quanto menor ele for melhor para garantir a nitidez e o foco da imagem, motivo este também pelo qual se faz necessário um maior tempo de exposição à luz solar – de alguns segundos até muitos minutos. Este tipo de fotografia possibilitada por um furo numa caixa preta é chamada de Fotografia Estenopeica. O estudante e fotógrafo William Duarte mantêm em Recife o projeto “Lata Mágica Recife”, em que ele e mais uma amiga registram a cidade através de uma câmera pinhole feita com lata de leite em pó. Ele afirma que as câmeras digitais reduziram a participação do fotógrafo a um mero aperto de botão, mas que as pinhole permitem que o homem faça valer o seu olhar sobre a imagem: “Fotografar com uma lata na era digital parece ser um retrocesso, mas é na busca da raiz que a fotografia artesanal mostra o seu diferencial”.
Foto: William Duarte

Apesar de parecer extremamente artesanal, a câmera pinhole já foi utilizada em naves espaciais para estudar a radiação solar e, quando usadas com CCDs,
dispositivo de carga acoplado, são utilizadas em serviço de vigilância devido a seu tamanho pequeno.
Na cidade de Bultrins, em 2010 em Olinda, professores usaram a Fotografia Estenopeica para incentivar crianças e adolescentes de uma comunidade carente a registrar a rotina do lugar em que vivem. Sem tecnologia avançada e com criatividade, os aprendizes de fotógrafos puderam expor seus trabalhos num centro cultural local.

http://www.youtube.com/watch?v=Scr6Zcc3ouo


FONTES:
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http://www.aurelionespoli.com.br/page1001.aspx
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http://www.fotodicas.com/fotografia/fotografia_pinhole.html
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http://www.latamagica.blogspot.com